O transtorno de personalidade narcisista (TPN) é uma condição psicológica caracterizada por um padrão duradouro de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia. Pessoas com esse transtorno frequentemente têm uma autoimagem inflada e podem manipular os outros para atender às suas necessidades. Viver, trabalhar ou conviver com alguém que apresenta traços narcisistas pode ser extremamente desafiador — e quando essa pessoa é sua mãe, a situação se torna ainda mais complexa.

Entendendo o transtorno de personalidade narcisista

Pessoas com TPN costumam:

  • Ter uma visão exagerada de sua importância;
  • Necessitar de constante validação e admiração;
  • Demonstrar pouca empatia;
  • Ter dificuldade em aceitar críticas;
  • Manipular e explorar os outros para alcançar seus objetivos;
  • Mostrar inveja dos outros ou acreditar que são invejadas.

É importante entender que esse comportamento não é apenas arrogância ou egoísmo. O transtorno é enraizado em questões profundas de autoestima e insegurança, frequentemente mascaradas por um senso de superioridade.


A dinâmica familiar: quando a mãe é narcisista

Ter uma mãe narcisista pode afetar profundamente o desenvolvimento emocional de uma pessoa. Relações familiares deveriam ser um espaço de segurança, apoio e afeto. No entanto, quando a figura materna possui traços narcisistas, esses pilares se invertem.

Como se manifesta uma mãe narcisista?

Ela pode:

  • Usar culpa e chantagem emocional para controlar os filhos;
  • Minimizar ou ignorar os sentimentos dos outros;
  • Competir com os próprios filhos;
  • Transformar conquistas dos filhos em algo sobre ela;
  • Punir emocionalmente qualquer tentativa de independência;
  • Manter uma imagem de “mãe perfeita” diante dos outros, mas ser abusiva emocionalmente em privado.

Muitos filhos de mães narcisistas crescem com sentimentos de inadequação, culpa, baixa autoestima e confusão emocional. É comum que só na vida adulta essas pessoas percebam que o relacionamento com a mãe era (ou é) disfuncional.


Como lidar com uma mãe narcisista

Lidar com uma mãe narcisista exige, acima de tudo, autoproteção emocional. Aqui estão algumas estratégias:

1. Reconheça o padrão

O primeiro passo é identificar que o comportamento da sua mãe se encaixa nos traços do transtorno narcisista. Isso ajuda a compreender que o problema não está em você, mas no padrão de comportamento dela.

2. Estabeleça limites claros

Mães narcisistas costumam invadir os limites dos filhos, emocional e fisicamente. Estabelecer e manter limites — por mais difícil que seja — é essencial para proteger sua saúde mental.

Exemplo de limite:

“Não vou conversar sobre esse assunto agora.”
“Respeito sua opinião, mas eu penso diferente e vou seguir assim.”

3. Não tente mudá-la

Pessoas com traços narcisistas raramente reconhecem que precisam de ajuda. Esperar que sua mãe mude pode gerar frustração constante. Aceitar que ela é assim (e agir com base nisso) é mais saudável.

4. Pratique o desapego emocional

Você pode amar sua mãe e, ainda assim, manter distância emocional de suas manipulações. O desapego não é frieza — é uma forma de se proteger.

5. Fortaleça sua autoestima

Buscar autoconhecimento, terapia e apoio de pessoas empáticas pode ajudar a reconstruir sua autoestima, muitas vezes abalada por anos de críticas ou negligência emocional.

6. Considere o contato limitado (ou até zero contato)

Em casos extremos, o afastamento pode ser necessário. Essa é uma decisão difícil, mas, em alguns casos, essencial para o bem-estar do filho.


Quando buscar ajuda?

Crescer com uma mãe narcisista pode deixar marcas profundas. Se você sente que isso afeta sua vida adulta — nas relações, na forma como se vê, no modo como lida com conflitos — procurar terapia pode ser extremamente libertador. Ter um espaço seguro para validar sua dor e construir novos caminhos é uma das formas mais eficazes de se curar.


Considerações finais

Lidar com o transtorno de personalidade narcisista em qualquer relação é desafiador. Quando essa relação é com sua mãe, o impacto é ainda mais profundo — pois atinge diretamente sua história, identidade e percepção de amor. Mas há caminhos para preservar sua saúde emocional, criar novos modelos de afeto e viver de forma mais leve. Reconhecer, compreender e agir com firmeza (e compaixão por si mesmo) é o começo da libertação.

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Bruna Ferreira é Psicóloga pela Universidade Nove de Julho. Possui vasta experiência em atendimentos Home Care pela Pronep Life Care e atendimentos clínicos pela Ecare e Foncare. Formada em Fitoterapia Aplicada pela Universidade de São Paulo – USP. Pós graduanda em Medicina Tradicional chinesa pela Ebramec. Possui certificações completares em Aromaterapia, Florais de Bach, Tui Na, Liberação Miofascial, Bandagem Elástica Funcional e Acupuntura Facial e Estética pelo Instituto RS. Realizou Projeto de Iniciação Científica junto a Universidade Nove de Julho na Penitenciária Feminina de Santana, em atendimentos as mulheres reclusas gestantes e seus familiares. Siga: instagram.com/psibrunaa

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