Jorge Machado está na #SãoPauloFM trazendo os boletins da Agência de Notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Confira aqui
Sobre o jornalista
São mais de três décadas de jornalismo, sendo 17 anos dedicados exclusivamente à Assembleia Legislativa de SP. Elegante e bom de papo, ele conseguiu um feito reservado a poucos que frequentam o Palácio 9 de Julho: ser querido e respeitado por parlamentares do governo e da oposição, assim como por funcionários dos mais diversos setores. Caminhando sem parar pelos corredores da Alesp para cobrir a intensa rotina do Legislativo paulista, sempre com ternos impecavelmente alinhados, Jorge Machado construiu uma frutífera carreira na TV Alesp, onde apurou, pautou, coordenou e apresentou variados programas.
Especializado em cobertura política, passou pelo Estadão, pela Rádio Eldorado, pela Rede Record e, imediatamente antes de encarar o desafio de cobrir o legislativo, trabalhou com o jornalista Florestan Fernandes Júnior na TV Senac. “Ele me convidou para participar de um novo projeto, que estava desenhado para a Câmara Municipal e para a Alesp. Acabei escolhendo a Alesp porque a Câmara era muito perto da minha casa e eu queria uma coisa diferente”, conta.
Filho de pais analfabetos (“jornal só entrava em casa embrulhando peixes”) e o mais velho entre quatro irmãos, precisou se tornar responsável precocemente. “Comecei a trabalhar com 11 anos de idade, em um restaurante perto de casa”, lembra. “Depois em um bar, e então em uma loja, que pertencia a um professor de química. Eu ficava o dia inteiro na loja, ajudava até a corrigir provas. Até gostei, quase fui para a química [risos]!”
A decisão de seguir para o jornalismo veio de forma peculiar, que ele conta lançando mão de comparações. “Naquela época, meus cintos se desgastavam muito rapidamente já que a fivela riscava bastante o balcão, o que me obrigava a trocá-los”, diz. “Como um grão de areia incomoda uma ostra, que reage e o recobre produzindo uma pérola, aquele cinto machucado me fazia ler e eu comprava o Jornal da Tarde diariamente. Quando fui para a faculdade, fui pensando: “quero escrever nesse jornal”.”
Cursar uma faculdade particular, entretanto, não era uma possibilidade. Dos irmãos, foi o único a conseguir um diploma de ensino superior. “Meu pai foi contra, achava que pagar para estudar era sacrificar a família, que usar o dinheiro para isso diminuiria o nível de proteína dentro de casa.” O reconhecimento familiar só veio mais tarde, quando Jorge foi contratado pela Rede Record e começou a trabalhar na televisão. “Meu pai ficou mais feliz quando me viu na TV [risos], tinha um status. Foi motivo de muita satisfação e alegria.”
A partir da cidade de Poá, cursou jornalismo em Mogi das Cruzes, trabalhando durante os quatro anos para pagar os estudos. “Eu me arranquei do solo puxando os próprios cabelos. Foi uma fase difícil e um desembolso considerável. Praticamente não dormia, trabalhava de madrugada no Estadão e de manhã já saía para abrir a loja”, relatou. Mais tarde, iniciou filosofia na Universidade de São Paulo (USP), mas não chegou a concluir.
Trajetória
Formou-se jornalista em 1985 e seu primeiro trabalho na área foi como revisor do Jornal da Tarde, no Estado de São Paulo. “O jornal era um processo industrial. O jornalista escrevia as laudas, que passavam pela digitação e depois pela revisão. Cada lauda era revisada por dois profissionais.”
Com a introdução dos computadores, os setores de revisão foram reduzidos, o que aumentava a chance de erros acontecerem. Foi um deles que acabou lhe tirando o emprego. Em 1989, na ocasião da eleição presidencial disputada entre Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva, o jornal decidiu publicar uma edição extra no dia seguinte, cobrindo o resultado. “Quando cheguei para trabalhar, estava demitido”, conta. “Meu chefe mostrou a lauda revisada, com a minha assinatura. O texto “a política sempre acompanhou a carreira de Fernando Affonso Collor de Melo” saiu “a polícia sempre acompanhou”. O erro é assim: você está escrevendo, lê quatro vezes, mas não vê. Depois ele sai publicado desse tamanho…”
Pouco tempo depois do episódio, lá estava Jorge na mesma empresa, agora para trabalhar na Agência de Notícias e na Rádio Eldorado. “Trabalhando na rádio, cobria política e economia, fazia entrevistas, boletins de trânsito e de tudo um pouco.”
Naquele período, o então diretor da Record entrou em contato com o superior direto de Jorge. Ele procurava um repórter para trabalhar sobrevoando a cidade no helicóptero da emissora e, ouvindo os seus boletins de trânsito matinais, pensou que ele poderia ser a pessoa certa para desempenhar a função. “Ele perguntou para o meu chefe quanto eu ganhava e depois ligou para mim e fez a mesma pergunta”. Jorge precisou até os centavos que ilustravam o seu holerite. “Ele respondeu: “venha aqui conversar comigo, mas já traga sua carteira de trabalho, você está contratado”. Disse que foi o primeiro jornalista com quem conversou que não mentiu o salário! Me pagou o dobro do que recebia.”
Ele trabalhou por oito anos na Record, até 1999. O trabalho seguinte foi na TV Senac, onde ficou por mais dois anos, quando foi para a TV Alesp.