FAPESP | Pesquisa para Inovação – Um projeto que levou ao desenvolvimento de um teste para diagnóstico e prognóstico de tumores de tireoide foi um dos vencedores do 14º Prêmio Octavio Frias de Oliveira. O anúncio ocorreu na sexta-feira (11/08), em cerimônia promovida pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e pelo jornal Folha de S. Paulo.
A tecnologia desenvolvida pela Onkos Diagnósticos Moleculares, startup apoiada pelo Programa FAPESP de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE), poupa os pacientes e o sistema de saúde de cirurgias desnecessárias, que acabam sendo feitas quando o método tradicional de diagnóstico dá um resultado “indeterminado” e o nódulo é retirado, por precaução.
De acordo com Marcos Tadeu dos Santos, fundador e CEO da empresa, a grande maioria dos nódulos é benigna, mas até 30% deles são classificados como ‘indeterminados’ e, por segurança, o procedimento padrão é a cirurgia para extração da tireoide. Ainda segundo Santos, apenas 25% dos casos são malignos, o que significa que 75% das cirurgias em casos de nódulos indeterminados são potencialmente desnecessárias (leia mais em: pesquisaparainovacao.fapesp.br/2052/).
Os números são resultado de um estudo clínico que acompanhou 435 pacientes, durante dois anos, que fizeram o exame em todas as regiões do Brasil. Segundo o trabalho, divulgado na revista eBioMedicine, foram evitadas 74,6% de cirurgias potencialmente desnecessárias. Além disso, em 92,3% dos casos o uso do teste alterou a conduta clínica dos médicos.
“Este prêmio é um reconhecimento não apenas da qualidade do nosso trabalho, mas mostra uma mudança de postura em relação a como a pesquisa em ambiente privado é vista no Brasil. Ter uma instituição tão tradicional como o Icesp valorizando uma pesquisa realizada no ambiente privado, reconhecendo que ela tem valor científico, para a sociedade e para os pacientes, é positivo. Mostra uma evolução em como a pesquisa feita em empresas é vista”, comenta Santos à Agência FAPESP.
A empresa teve apoio do PIPE em diferentes fases de desenvolvimento. Na fase 1, toda a parte diagnóstica do exame foi desenvolvida. Na fase 2 foram determinados os marcadores prognósticos, que determinam a agressividade dos nódulos malignos. Na fase 3, além do objetivo técnico-científico, houve um objetivo de mercado, com a contratação de um profissional responsável pela geração de dados de custo-efetividade e pela interação com atores públicos e privados a fim de buscar a incorporação do exame.
A Onkos foi incubada no Supera, Parque de Inovação Tecnológica de Ribeirão Preto, e o teste começou a ser desenvolvido em 2015, em parceria com o Hospital de Amor (antes conhecido como Hospital de Câncer de Barretos). O produto foi lançado em 2018, ano em que a empresa também ganhou o Prêmio Octavio Frias, na categoria “Inovação Tecnológica”, por um exame que analisa 95 genes, com ajuda de inteligência artificial, e descobre a origem de um tumor que já se espalhou para diferentes órgãos.
Na próxima terça-feira (22/8), a empresa realiza sua primeira reunião com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que regulamenta os planos de saúde no país. A Onkos pleiteia incluir o teste agora premiado no rol de procedimentos obrigatórios dos planos de saúde. A empresa já apresentou estudos mostrando não apenas a efetividade do teste, como também a economia que os planos terão.
“Esperamos que até o fim deste ano o teste seja incluído nos planos de saúde e, talvez no ano que vem, no SUS”, destaca Santos.
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